A pandemia de Covid-19 impactou a todos, é fato, mas uma expressiva parcela da população brasileira sentiu ainda mais as consequências do período pandêmico. Para abordar as lutas, os lutos e o lugar do negro neste cenário, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) realizará, na próxima semana (10, 13 e 14/5), o 16º Maio Negro. 

 

O evento virtual terá a transmissão ao vivo da Unesc TV (www.youtube.com/unesctv). A abertura ocorrerá no dia 10, às 19 horas, com a mesa redonda “Negritude e Pandemia: Onde estamos em meio ao caos?”, com a participação de mulheres negras de destaque em suas áreas de atuação para debater o assunto.  

 

A coordenadora do Neabi, Normélia Ondina Lalau de Farias explica que o foco do evento é refletir o quanto a pandemia e a as ações do poder público afetaram não só as vidas negras, mas a dos indígenas também.

 

Sobre a abertura oficial do evento, Normélia explica que a escolha apenas por mulheres negras como debatedoras veio da importância delas para a sociedade. “A mulher negra é aquela mãe que muitas vezes não apenas dá à luz, mas trabalha e assume também a função de pai e provedora. A mulher negra também é política, é militante e busca o melhor para os seus e para si”, afirma a coordenadora do Neabi da Unesc. “As mulheres negras neste contexto de pandemia, continuam sendo grandes vítimas de violência não só doméstica. Se o racismo estrutural já era um obstáculo a ser quebrado pela mulher negra, imagina isso diante do caos pandêmico. Elas foram as primeiras a perderem os empregos e estarem no trabalho informal buscando o sustento para o seu lar”, complementa. As agressões contra as mulheres negras nas redes sociais também serão tratadas durante a mesa redonda do dia 10 de maio.

 

O Maio Negro ainda vai abordar assuntos relacionados à identidade negra e à abolição da escravatura, além dos enfrentamentos dos negros. “Vamos pensar no 13 de maio e o que ele representa para este segmento racial. Ele tem o contexto histórico, mas avaliando, ainda não passamos do 14 de maio de 1888. Ainda estamos parados nele, lutando para ter trabalho, dignidade, estudo, respeito”, salienta Normélia. “O 13 de maio é um dia de denúncia ao racismo. Precisamos não apenas denunciar as práticas racistas, mas promover uma educação antirracista”, complementa.

 

Museu virtual

 

O Maio Negro também será um espaço para uma novidade: o Museu Afro da Região Sul (Mabsul). A Unesc e a Universidade Federal de Pelotas irão fechar um convênio para lançar o Mabsul, um museu totalmente virtual envolvendo os três Estados do Sul do Brasil. A iniciativa quer, dentre outras coisas, ser uma ferramenta para que as escolas públicas trabalhem a questão racial em sala de aula. “Há muitos negros, que mesmo sem formação formal, tiveram importância nas suas comunidades. As parteiras, as lavadeiras, as passadeiras e as benzedeiras são exemplos disso”.

 

Ao longo do ano, outras atividades abordando questões sobre negros e indígenas serão realizadas. A primeira, ocorreu em 19 de abril, com a live “Cultura Guarani Mbyá: Identidade e Ancestralidade na Arte”, que teve o aluno do Mestrado em Ciências Ambientais da Unesc, membro do Neabi e integrante da Aldeia Tekoá Marangatu, Fabiano Alves como convidado.

 

O Neabi tem a parceria do Colégio Unesc, do Museu Virtual Afro Brasil Sul (Mabsul) e do curso de História para a realização do 16º Maio Negro.