A pesquisa da Unesc que vai avaliar a saúde mental da população durante a pandemia, entra esta semana em sua fase final de aplicação de questionários e coletas de sangue em voluntários de Criciúma. Na última semana, o estudo chegou ao número de 200 participantes, e até o fim de dezembro de 2020, a estimativa é que mais 60 voluntários, entre pessoas que contraíram o Sars-CoV-2 nas últimas seis semanas, e que não tiveram contato com o vírus, sejam visitadas pela equipe de pesquisadores ou venham até a Universidade.
Com a finalização da primeira etapa do estudo em Criciúma, os pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), parceira da Unesc neste projeto, irão iniciar os trabalhos com moradores de Chapecó. A estimativa é que o estudo tenha a participação de 150 pessoas que tiveram coronavírus e 300 casos controle, ou seja, que não foram infectadas pelo vírus.
A coordenadora geral do projeto de pesquisa e professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Unesc, Gislaine Zilli Réus, afirma que os trabalhos, iniciados oficialmente em 14 de setembro, estão sendo realizados dentro do cronograma estabelecido e contando com o apoio da população. “A receptividade está ótima e temos inclusive lista de espera de participantes. Todos os voluntários que aceitam participar da pesquisa são muito especiais para nós e tem sido muito solícitos. Só temos a agradecer à população de Criciúma por este apoio”, afirma.
A pesquisa
O estudo “Investigação de marcadores neuroinflamatórios e de dano neuronal e suas relações com transtornos neuropsiquiátricos em sujeitos positivos para Covid-19” foi um dos projetos de pesquisa da Unesc para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e suas consequências contemplados pelo edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e ao Ministério da Saúde. Em Santa Catarina, a Unesc é a única Universidade Comunitária com projetos de pesquisa aprovados (dois no total). O estudo conta com a parceria da Secretaria de Saúde de Criciúma.
Enquadrado na linha de pesquisa carga da doença, o estudo tem a contribuição da professora doutora, pesquisadora e reitora da Universidade, Luciane Bisognin Ceretta. Na UFFS, a equipe será liderada pela professora doutora Zuleide Maria Ignácio.
Gislaine explica que o estudo aplica escalas para avaliação da presença de estresse, depressão, ansiedade e transtornos do sono. Além disso, é investigado perifericamente marcadores de dano neuronal, bem como de inflamação, dano mitocondrial e microbiota intestinal, os quais também se relacionam com inflamação. Esses marcadores serão correlacionados com a ocorrência de transtornos psiquiátricos.
Os participantes da pesquisa terão contato com dois profissionais ligados à Unesc: psicólogo do Programa de Residência Multiprofissional ou psiquiatra do Laboratório de Psiquiatria Translacional, para realizar as entrevistas e aplicar as escalas; e outro da área de Biomedicina ou Enfermagem para coletar o sangue, que servirá para análise da correlação do vírus com os transtornos mentais.
Também haverá coleta de fezes para a avaliar a microbiota intestinal e correlacionar os resultados com os transtornos psiquiátricos. “A ideia é usar várias escalas para avaliar pontos como depressão e ansiedade. A nossa hipótese é que o cenário da pandemia vai alterar de alguma maneira o cérebro, possivelmente a memória, o sono, o grau de ansiedade e estresse e até gerar depressão, não apenas em quem teve a doença”, afirma Gislaine.