O tema “Reflexões sobre Justiça Ambiental em tempos de Covid-19” pautou o primeiro dia de programação da 15ª Semana de Meio Ambiente e Valores Humanos da Unesc. Com o objetivo de propor debates relacionados à pandemia, o evento promoverá diálogos sobre meio ambiente e espaços de preservação, cenários futuros, comunidades indígenas e o trabalho de catadores de Criciúma e região até a sexta-feira (5/7).

O primeiro dia de vento foi ministrado pelo presidente da Comissão do Meio Ambiente e Valores Humanos da Universidade, professor Carlyle Torres Bezerra de Menezes, em conjunto com a Professora doutora do Departamento de Análise Geoambiental da Universidade Federal Fluminense, Raquel Giffoni Pinto, na noite de segunda-feira (1º/6)

Ao todo, durante os cinco dias, serão 18 representantes de organizações e comunidades do Sul de Santa Catarina, compartilhando reflexões sobre assuntos de relevância social e percepções construídas durante a pandemia. “Por mais de 50 anos, nossa Universidade é guiada em nome da vida. Temos em nossa missão Educar, por meio do ensino, pesquisa e extensão, para promover a qualidade e a sustentabilidade do ambiente de vida. Assim é a nossa Unesc”, destacou o membro da comissão organizadora, João Alberto Ramos Batanolli.

 

Reflexões sobre Justiça Ambiental em tempos de Covid-19

Com dados e gráficos de pesquisas internacionais, Raquel Giffoni Pinto abordou em sua fala o cenário de desigualdades no que diz respeito ao saneamento básico e no que isso se reflete neste momento de pandemia. Conforme a professora, dados de 2013 apontam que mais de 12 milhões de pessoas não tem acesso a água no Brasil. “Alguns números apontam que já são até 30 milhões e 18 milhões sem esgoto. Diante disso, salientou que uma das indicações da OMS para o combate ao coronavírus é lavar as mãos, mas, na prática, milhões de pessoas não podem fazer isso com segurança”, comentou.

Além de apontar dados que mostram a desigualdade também clara entre brancos e negros nos casos de pessoas que foram infectadas e ainda que morreram vítimas da Covid-19, Rafaela destaca o impacto da pandemia em populações ainda mais vulneráveis, os povos indígenas e quilombola. “A pandemia expõe uma dívida histórica do poder público e dos prestadores de serviços de saneamento com essas populações. É urgente que políticas públicas sejam pensadas para atender essas pessoas absolutamente vulneráveis”, acrescentou.

Neste sentido Rafaela levantou a importância da chamada justiça ambiental, o que, conforme a palestrante, “se trata não apenas de evitar riscos, mas, sim, de garantir um ambiente saudável para todos”. “Infraestrutura adequada, parques, coleta de lixo, água e tratamento de esgoto, são serviços ambientais e que também são desigualmente distribuídos, privilegiando alguns em detrimento de outros”, destacou também.